Quais os diferenciais de uma vida mais longa

A vida e o tempo são recursos naturais não renováveis, entretanto, a evolução da medicina, da ciência e da tecnologia irá exercer – muito em breve – uma forte influência na relação entre o tempo e a vida, o que irá nos obrigar a rever conceitos até então consagrados.

É a tal da LONGEVIDADE ganhando status. O mundo já tem mais pessoas 65+ do que crianças até 4 anos: 705 contra 680 milhões. No Brasil, não é diferente. A taxa de natalidade vem decrescendo enquanto a expectativa de vida cresce a cada ano. Em 1940, a média era de 40,5 anos e hoje é superior a 76 anos, ou seja, ganhamos mais de 35 anos de vida em menos de 60 anos.

Longevidade não é novidade!

Revendo material de pesquisa, resgatei um exemplar da National Geographic de 2005, cuja capa estampava o sugestivo título: The Secrets of Living Longer (Os Segredos de uma Vida Longa). A publicação, que tem tradição na produção de conteúdos qualificados, mapeou algumas localidades do planeta onde a população de longevos impressiona: Sardenha, na Itália; Okinawa, no Japão; Loma Linda, na Califórnia/EUA; Nicoya, na Costa Rica e Ikaria, na Grécia. O jornalista e explorador Dan Buettner foi um dos responsáveis pelo trabalho.

Anos depois, em 2008, ele fez uma imersão nessas cinco regiões para identificar os fatores que determinam a longevidade de seus habitantes. O resultado foi consolidado no livro Blues Zones, denominação dada por ele para as localidades que oferecem uma qualidade de vida acima da média que, por sua vez, contribui para a longevidade de seus moradores. Buettner identificou nove diferenciais contribuidores para que essas pessoas vivam bem mais do que a média dos habitantes do planeta. Além do fator DNA, que impacta cerca de 25% na longevidade, um ponto comum entre todas as localidades é a dimensão territorial reduzida, onde o espírito comunitário, o propósito, a convivência, a amorosidade, a mobilidade, a cidadania, os hábitos e a dieta saudável são fatores determinantes para uma vida longa. A resultante desse ambiente social favorável se traduz por uma palavra simples e almejada: FELICIDADE.

Viver mais para viver melhor.

No grande debate sobre a maturidade moderna, é preciso colocar luz e foco em vários aspectos impactantes na longevidade. Há um segmento focado no imenso poder de compra dos longevos, que vem sendo traduzido em pesquisas e livros, como o “Longevity Economy”, do Joseph Coughlin. Potencial este que, segundo os experts, está latente, pois a população sênior ainda é vista como parte do mercado consumidor geral, sem acesso a produtos ou serviços customizados para o seu perfil de consumo.

Hoje, centenas de startups estão se debruçando sobre as oportunidades desse novo e atraente mercado. Outro segmento explora a necessidade de reinvenção e de reinserção dos 50+ no mercado, seja como empreendedor ou como empregado. O site Maturijobs é um dos expoentes desse contexto, que se propõe a conectar os 50+ com empresas que buscam profissionais mais experientes.

Por enquanto, a oferta de mão-de-obra qualificada supera – e muito – a oferta de vagas. Um terceiro segmento tem as atenções voltadas para as inovações capazes de impactar diretamente na longevidade, onde os avanços da medicina, da ciência e da tecnologia são os exemplos mais marcantes.

Uma nova ciência emergiu nesse processo, a gerontecnologia. A engenharia genética, a inteligência artificial, a #nanotecnologia e a robótica são alguns dos inputs integradores desse ecossistema que está desvendando os segredos do corpo humano e do #cérebro e, promete para breve, uma interação homem-máquina só imaginada pelos autores de ficção.

Há um quarto segmento. Ele engloba a pauta de todos os demais e acrescenta um aspecto que reputo dos mais importantes, a COMUNICAÇÃO, pois é ela que possibilita o acesso a informações e conhecimentos – como aqui expostos – para que a grande maioria da população sênior do país possa entender, aceitar ou rejeitar tudo que está sendo falado e produzido em nome dela. Se as inovações nos oferecem a possibilidade de VIVER MAIS, é fundamental que isso se traduza por VIVER MELHOR com qualidade de vida acessível a todos. E já que o passado passou e o futuro não chegou, bom mesmo é VIVER o AGORA! Certo?

Salute!

Já citamos exemplos de que a LONGEVIDADE é possível se a FELICIDADE estiver de mãos dadas com ela. Entendo que a medicina, a ciência e a tecnologia devem ser nossas aliadas na construção da felicidade, pois nada seria mais triste do que viver 500 anos, mas acoplado a um computador comandando nossas funções vitais. Se bem que vivemos numa era onde o encantamento tecnológico está provocando uma espécie de mutação em muitas pessoas que não estranhariam receber ordens de uma máquina ou viver simbioticamente acoplados a ela. Pra mim, é bem melhor viver 100 anos – e já é muito – mas desfrutando de uma convivência feliz e celebrando a vida com uma bela taça de vinho no final da tarde, que aliás é um componente importante da dieta dos longevos da Sardenha. Salute!

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